terça-feira, 28 de junho de 2011
segunda-feira, 27 de junho de 2011
EXTRA!! Juiz de Jacareí autoriza o primeiro casamento civil entre homossexuais do Brasil: Luiz André e Sergio!
Luiz André e Sergio Kauffmam receberam a notícia
de que o juiz autorizou o casamento civil de ambos
Será amanhã, terça-feira (28), no Dia Mundial do Orgulho LGBT. Nasce uma nova família, a Família Sousa Moresi. Isso é histórico! O primeiro casamento civil brasileiro entre pessoas do mesmo sexo. Somente nove países no mundo autorizam o Brasil agora é o décimo.
VITÓRIA! AMANHÃ, ÀS 10H30, NO CARTÓRIO DE
REGISTRO CIVIL DE JACAREÍ, EM FRENTE A PREFEITURA.
ATUALIZAÇÃO: Veja aqui o documento histórico (em PDF)
(com informações de André Moresi e do blog Diz Aí, de Francisley Camargo)
Parada da Juventude LGBT
A 15ª Parada do Orgulho LGBT (de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) de São Paulo aconteceu ontem, domingo (26), e tomou a Av. Paulista com cerca de 4 milhões de participantes - em sua maioria adolescentes e jovens LGBT.
Lohren Beauty: "A Parada sempre foi da juventude!"
(foto: Rafael Fernandes/E-jovem)
(foto: Rivaldo Gomes/Folhapress)
Juventude LGBT: expressão sem repressão
(foto: Cris Fraga/UOL)
Apesar de algumas críticas conservadoras atacarem o tom "carnavalesco" do evento, que privilegiaria apenas as figuras exóticas e as pessoas sem roupa, não foi isso o que a conselheira viu: "A mídia enfoca muito o que é extravagante, mas a realidade da Parada é esse mar de GENTE, homos, héteros, de todos os tipos. Pessoas comuns, lutando por igualdade."
Parada LGBT: ao contrário das críticas, menos carnaval e
mais engajamento de pessoas comuns, lutando por igualdade.
(foto: Daigo Oliva/G1)
Para Lohren, o evento serviu para recarregar as energias, pois no próximo domingo, dia 3 de julho, é a vez da Parada de Campinas, que ela organiza. "Vamos levar 150 mil pessoas às ruas para celebrar a juventude e a diversidade, com o tema 'Eu pago meus impostos, exijo meus direitos!'"
sábado, 18 de junho de 2011
A cultura como forma de militância
(Matéria produzida por alunos de jornalismo da PUC-Campinas)
A cultura como forma de militância
As armas que o movimento LGBT empunha na luta contra a homofobia
Reportagem: Gabrielle Adabo, Guilherme Barreto e Renan Teixeira
Fotos: Guilherme Barreto
Lohren Beauty veste as cores da bandeira LGBT no vestido evasê com as pontas arrebitadas e nos brincos que descem até os ombros. Cabelos curtos vermelhos, maquiagem bem desenhada nos olhos e nos lábios. O sapato de salto alto roxo amarrado com uma fita vermelha nos tornozelos dá o toque final. Com as pernas cruzadas, postura ereta e mãos repousando nos joelhos, Lohren diz achar que a manifestação tradicional com cartazes e passeatas não basta mais. O movimento usa a própria cultura e a arte como formas de militância.
A Drag Queen relata sair de casa para as manifestações e eventos do movimento LGBT vestida assim, já “montada”. A atitude é também uma forma de protesto. Lohren quer que as pessoas se acostumem a vê-la dessa forma e a encarem com normalidade. Quer conquistar o respeito. Seu próprio corpo, suas roupas e sua maneira de agir são a expressão viva da cultura do movimento.
Assim como Lohren, milhares de outros militantes do movimento LGBT se vestem e participam das paradas para manifestar à sociedade que os assiste o orgulho que sentem por fazer parte da classe LGBT. Chamar a atenção do outro, que olha com preconceito para uma maneira de ser que é diferente da sua, é mais eficaz com a alegria extravasada através das cores e performances. O arco-íris da bandeira LGBT é o símbolo da diversidade que tenta se erguer acima do preconceito e da intolerância. E do medo: a homofobia (homo – mesmo sexo, fobia – medo, aversão).
Para a pesquisadora Regina Fachini, do Pagu – Núcleo de Estudos de Gênero da Unicamp, e autora do livro “Sopa de Letrinhas? Movimento Homossexual e Produção de Identidades Coletivas nos Anos 90” (Garamond, 2005), as formas tradicionais de manifestação dos movimentos sociais no Brasil – passeatas, abaixo-assinados, atos públicos – mudaram e se diversificaram ao longo do tempo. Para a cientista social, as paradas são paradigmáticas nesse sentido. “Elas são uma maneira de se retomar a idéia da passeata e do ato público, mas com um jeito irônico, escrachado, debochado, criativo. Se você vai para a rua e prepara uma fantasia ou uma estilização corporal de um personagem para se manifestar em um dia de parada, você também está fazendo uma outra forma de manifestação das suas idéias que usa o corpo como suporte, que usa a roupa como suporte, que usa a irreverência como suporte”, defende.
História e cultura do Movimento LGBT
Em 28 de junho de 1969, uma rebelião no bar Stonewall, sediado em Nova York e frequentado por gays, lésbicas e travestis, transformou-se no marco histórico que fundaria o dia do orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros) no mundo todo.
Cansados da violenta repressão policial a sua orientação sexual (que ainda era vista como opção na época), os homossexuais lançaram-se numa batalha campal contra as autoridades, inspirando o surgimento de grupos pró-homossexuais em toda a América Latina.
No mesmo ano, o “Nuestro Mundo” iniciava suas atividades de contestação e protesto contra a homofobia na Argentina. O grupo era formado por ex-integrantes do partido comunista do país, do qual foram expulsos por serem gays.
O movimento ganhou impulso na década de 1970 em países como Porto Rico e México. No Brasil, os grupos LGBT consolidaram-se no final desse período. Em 1980 aparecem o GGB (Grupo Gay da Bahia), o Somos, em São Paulo, e a publicação Lampião da Esquina, no Rio de Janeiro.
Até o ano de 1990, a Organização Mundial da Saúde considerava o comportamento homossexual como uma patologia. Em 17 de maio daquele ano, a OMS retirou-o da classificação internacional de doenças.
A data tornou-se o dia internacional de combate à homofobia. O governo brasileiro incluiu-a no calendário oficial por meio do Decreto Presidencial de 04 de junho de 2010.
Em 1995 começam a ocorrer as primeiras paradas gays no país. Desde 1997 a Parada do Orgulho Gay de São Paulo – a maior do Brasil – acontece na Avenida Paulista e reúne milhões de pessoas: homossexuais, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais, drag queens, simpatizantes e curiosos que vão ao local para conferir o agito do evento.
Baseado em números da polícia do estado de São Paulo, o Guiness Book (livro dos recordes) registrou a edição de 2006 como a maior parada gay do mundo, contando com aproximadamente 2,5 milhões de pessoas. Os organizadores da parada da Avenida Paulista, porém, consideram que a marca tenha sido atingida já em 2004.
A parada gay de São Paulo é hoje alvo de críticas. Seus detratores consideram-na um evento voltado aos interesses comerciais da cidade (os hotéis atingem lotação máxima). Também afirmam que ela contribui para vulgarizar a imagem dos homossexuais, com performances extravagantes, muito barulho e sujeira na avenida, além de relatos de atos sexuais em vias públicas.
O acrônimo LGBT foi cunhado na 1ª conferência nacional GLBT (gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e transgêneros), ocorrida entre 5 e 8 de junho de 2008, em Brasília. A alteração se deve ao crescimento do movimento das lésbicas e do apoio dos outros grupos homossexuais às mulheres.
Em 2011 o movimento LGBT viu triunfar uma de suas principais reivindicações: o direito de casais homossexuais de firmarem uma união estável que seja reconhecida pelo Estado brasileiro, a fim de que possam desfrutar das mesmas prerrogativas de que possuem os casais héteros em união civil. A decisão foi tomada em unanimidade por quatro ministros do STF (Superior Tribunal Federal) no dia 5 de maio deste ano.
O Ministério da Cultura afirma que desde 2005 vem tomando ações afirmativas e implementando políticas de apoio do movimento LGBT por meio de editais que abrangem concursos e premiações culturais. O Minc divulga que, entre 2005 e 2010, foram investidos nessas ações cerca de 4,2 milhões de reais em 161 iniciativas.
Caso Bolsonaro
O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) ganhou notoriedade junto à opinião pública por suas declarações polêmicas a respeito de cotas sociais nas universidades públicas e políticas de combate à discriminação racial e sexual.
Em resposta a um material do Ministério da Educação (MEC), que seria entregue aos alunos nas escolas e cujo conteúdo visava conscientizar sobre a questão da homossexualidade, em maio deste ano o deputado mandou seus assessores distribuírem mais de 50 mil panfletos “anti-gay” na saída do metrô de Copacabana, em portões de escolas, nas entradas de igrejas evangélicas e nas caixas de correio de condomínios na zona sul.
Bolsonaro chamou o material do MEC de “kit gay”, no sentido de que o texto incitava a homossexualidade nos alunos. “Esse material dito didático pelo MEC não vai combater a homofobia, ele vai estimular a homofobia lá na base, no primeiro grau”, disse na ocasião.
O deputado se envolveu em polêmica candente em março quando de uma entrevista concedida ao CQC (Custe o que Custar) – programa de entretenimento da Rede Bandeirantes. Ao responder uma pergunta da cantora Preta Gil afirmou que seus filhos não corriam o risco de namorar uma negra, pois eram bem educados e não haviam crescido num ambiente promíscuo.
A artista entrou com uma representação no Ministério Público por crime de intolerância racial, enquanto o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro, Wadith Damous, oficializou processo por quebra de decoro parlamentar contra Bolsonaro.
Escola Jovem LGBT
Orgulho é a palavra de ordem que conduz as formas de militância da comunidade LGBT. Seja por meio de paradas, passeatas políticas, eventos culturais ou publicações, os participantes não têm vergonha de bater no peito para defenderem seus direitos junto à sociedade. Deco Ribeiro que o diga. Ele é membro do Comitê Municipal do PCdoB em Campinas, diretor da Escola Jovem LGBT, primeira do gênero no país, e ainda tem um posto de peso: é conselheiro nacional de juventude junto à Presidência. É formado em jornalismo, tendo como outros atributos os ofícios de educador e comunista, como ele próprio define em seu blog (decoribeiro.blogspot.com).
Há dez anos lançava na internet a ideia que se tornaria uma das maiores comunidades LGBT virtuais do país: o Grupo E-Jovem. O site sobre sexualidade de adolescentes gays nasceu em 2001 após a reunião de amigos num chat com o intuito de discutirem questões relacionadas ao universo homossexual. Totalmente independente e com colaboradores voluntários, o Grupo E-Jovem se tornou ONG em 2004 em Campinas e hoje conta com 4600 cadastrados em mais de 20 sedes pelo país (em Campinas, são cerca de 120 cadastrados). Deco, além de fundador, foi diretor nacional do grupo de 2004 a 2008 e hoje é editor executivo e webmaster do site.
No início de 2010, a ONG E-Jovem, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo e com o Ministério da Cultura, abriu a Escola Jovem LGBT, “Ponto de Cultura” que se tornou o primeiro centro educativo do país voltado ao ensino da cultura LGBT para jovens – héteros e homossexuais, diga-se de passagem. “Os cursos são abertos a todos os interessados, e não um gueto”. Aliás, um dos argumentos mais usados nas críticas à atuação da escola é exatamente o fato de, na tentativa de inserir a homossexualidade na sociedade, os gays se isolem mais ainda em núcleos próprios. “Atingimos também com nossos cursos heterossexuais indiretos, como pais, mães e familiares dos alunos”, rebate Deco. O jornalista, que possui 39 anos, acredita que só assim irá contribuir para que os objetivos do E-Jovem e da Escola se concretizem. “Temos que descobrir, junto com a sociedade, o que é essa tal de cultura LGBT, e fazer com que esse conhecimento enriqueça todos, assim como funciona qualquer centro cultural, como um museu de história, por exemplo”, compara Deco.
Após um ano de atuação intensa e um árduo trabalho de aceitação na cidade (que inclusive gerou repressões morais e físicas à sede do projeto) a Escola Jovem LGBT possui 30 alunos entre 15 e 26 anos e oferece três opções de cursos: Música, Teatro e Jornalismo de Revista. As aulas acontecem todo sábado e domingo num imóvel localizado no bairro Nova Europa (Rua José Camargo, 382), que inclusive é conjugado à casa de Lohren Beauty, presidente nacional do Grupo E-Jovem e esposa de Deco (ou marido, se ela não estiver “montada” e atender por Chesller Moreira, seu nome na Certidão de Nascimento). Os cursos trabalham assuntos e geram produtos relacionados ao universo da cultura LGBT, como o estímulo à composição e à musicalização de canções que abordem os conflitos da sexualidade e a produção de fanzines e publicações impressas ou virtuais que divulguem informações úteis aos homossexuais. Só no ano passado, segundo Deco, o Grupo E-Jovem e as ações da Escola atenderam diretamente 700 jovens na cidade e 6000 no Brasil. Por aqui, as ações enfocam alunos do Ensino Fundamental e Médio em eventos públicos de conscientização dos direitos homossexuais e combate à homofobia.
A Escola Jovem LGBT, em consonância com o Grupo E-Jovem (que em Campinas recebe o título de E-Camp) possui alguns objetivos formalizados, como cita Deco: dar apoio ao jovem LGBT, dar e trocar informações importantes para este jovem, formar para a militância, ser um espaço de convivência da homossexualidade e ensinar técnicas de expressão para o exercício da convivência social. Assim, resume o jornalista, busca-se a conscientização do papel do homossexual na contemporaneidade por meio da arte e da cultura.
Por incrível que pareça, todo o engajamento político, cultural e artístico de Deco na defesa dos direitos dos homossexuais esconde um gay que demorou para se aceitar. Foi apenas na beira da casa dos 30 que o carioca passou a procurar informações sobre esse universo e viu que o caminho natural – e menos prejudicial à saúde de seu futuro, seria assumir de vez que gostava de meninos. Largou o curso de Física que estudava na Universidade de Campinas – Unicamp, e foi para o jornalismo, usando sua expressividade em palavras de combate à intolerância e ao preconceito.
A homofobia, para Deco, é o maior aliado ao código social que exige que todo “machão” satisfaça as expectativas da maioria: cumpra seu papel social. Em voga na mídia nos últimos tempos, o ódio aos gays encontra cada vez mais discípulos do mestre Bolsonaro ávidos pelo extermínio dos homossexuais. “Essa visibilidade traz conquistas para a classe LGBT ao mesmo tempo em que faz com que os homofóbicos escondidos saiam de seu escudo de proteção. É uma faca de dois gumes”, pondera Deco. Para começar a reverter a situação, ele acredita no poder da convivência como forma de familiaridade e aceitação do diferente.
As novelas, um dos maiores, senão o maior representante dos produtos da cultura popular brasileira, vêm há algum tempo incutindo na mentalidade da população um olhar igualitário para com as ditas minorias sexuais. É cada vez mais comum vermos entre os personagens um ou mais casais homoafetivos que, segundo o professor de Jornalismo de Revista da Escola Jovem LGBT, Breno Queiroz, contribuem para a quebra de vários preconceitos mostrando, por exemplo, a construção de novos modelos de família, a possibilidade da existência de gays normais (uma vez que o estereótipo convencionado diz que todos os homossexuais são promíscuos e não têm sentimentos) e que para ser gay não precisa parecer gay. “Isto é chocante para quem está acostumado a rotular as identidades sexuais”, admite Breno.
Os grupos LGBT que aliam a produção de manifestações culturais e artísticas com a militância são ainda tímidos no país. “Dá para contar nos dedos”, lamenta Deco. O diretor da Escola Jovem LGBT de Campinas, o primeiro centro educacional para jovens homossexuais do Brasil, conta que, além da escola, os movimentos de maior destaque em atuação são o GGB (Grupo Gay da Bahia), a mais antiga associação de defesa dos direitos humanos dos homossexuais no país (desde 1980), localizado no coração do Pelourinho, em Salvador; o GDN (Grupo Diversidade Nacional), que atua em Niterói desde 2004; e o Somos – Comunicação, Saúde e Sexualidade, associação que desde 2001 trabalha com a cultura de respeito às sexualidades e à diversidade cultural no Rio Grande do Sul. O Somos está em processo de produção do Mapeamento Cultural LGBT, inédito no país, que busca identificar, sistematizar e registrar um panorama atual das manifestações artísticas ligadas à população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transsexuais no Brasil.
O jornalismo e a divulgação da cultura LGBT
Por meio do jornalista Breno Queiroz, os alunos da Escola Jovem LGBT têm acesso ao curso Jornalismo de Revista. Além de transmitir a cultura e o histórico das publicações LGBT, as aulas fornecem ferramentas básicas para a expressão jornalística e promove a produção de fanzines e uma revista, feitos pelos alunos.
Nos fanzines, as artes gráficas, com fotografias, desenhos e cores, são utilizadas para transmitir informações sobre o movimento e combater o preconceito e a homofobia.
A revista, que em breve será lançada, está sendo produzida pelos alunos, desde às pautas à redação dos textos. Ela é utilizada como livre espaço de expressão, segundo o professor Breno. O jovem paulista de 26 anos, formado em Jornalismo pela Unesp, diz não ter a intenção de exigir dos alunos as técnicas de redação e produção de uma revista, mas estimulá-los à livre produção de textos que os motivem a continuar usando a palavra como ferramenta. As pautas tampouco buscam uma explicação para a homossexualidade. As preocupações dos adolescentes, os temas que giram em torno do universo LGBT dos alunos, esse é o principal foco. A partir daí, a criatividade corre solta.
Breno produziu, em 2010, como trabalho de conclusão de curso, uma revista para tratar do universo jovem LGTB: a LGBTeen. O jornalista continua seu trabalho através do blog Virei Lobisomem (vireilobisomem.blogspot.com), por meio do qual trata com humor as questões do universo gay. O blogueiro ainda reserva tempo para atualizar seu mais novo projeto virtual: a blog-série gay-teem verde-amarela mais colorida da história “O Ataque dos Garotos”, que conta as reflexões de um jovem gay que decide se suicidar. A trama já está em seu segundo capítulo e pode ser conferida no endereço oataquedosgarotos.blogspot.com.
O também jornalista Eduardo Gregori, de Campinas, define-se como um “militante jornalístico”. Desde 1999 Gregori mantem o site Espaço GLS (sigla, segundo ele, usada comercialmente para se referir ao movimento), no qual reúne notícias sobre o universo LGBT, com o objetivo de “dosar um pouco de cada coisa: cultura, saúde, direitos...”.
O site surgiu da necessidade de preencher uma lacuna que Gregori diz ter encontrado na mídia de Campinas, também desde a faculdade de jornalismo. Em seu trabalho de conclusão de curso, Gregori mapeou 20 anos de mídia homossexual no Brasil e diz ter encontrado poucas publicações voltadas a este público. Participou, em seguida, de dois jornais impressos do gênero: O Babado e Bafond. Mas foi na internet que Gregori conquistou o espaço que desejava. O site recebe hoje cerca de dois milhões de acessos por mês.
Em Campinas, segundo Gregori, há grupos que promovem as “paradas” e se vestem como expressão da cultura. No antigo teatro da vila Padre Anchieta, de acordo com ele, um concurso de novos talentos reuniu a comunidade LGBT do bairro que prepara o espetáculo e o apresenta à comunidade. A ação deu resultados. As pessoas do bairro passaram a assistir o espetáculo e inclusive a torcer pelos artistas.
Eles são duros na queda
Conheça duas histórias de agressão moral e física sofridas por alunos da Escola Jovem LGBT e como eles deram a volta por cima.
“Aqui é o único lugar em que eu me sinto bem”
W.B., de 17 anos, passou por uma experiência que todo jovem homossexual teme: a chacota pública na escola após seus colegas descobrirem que ele gostava de pessoas do mesmo sexo. Após uma viagem que fez junto com o E-Camp à Brasília em maio deste ano na II Marcha Nacional Contra a Homofobia, uma foto em que o W aparecia beijando um outro garoto vazou através da rede de relacionamentos Facebook. Os olhares e cochichos intimidadores pelos corredores do colégio acontecem frequentemente. “Foi aí que eu descobri quem realmente é meu amigo”. O jovem conta que já frequentava a Escola Jovem LGBT antes do vazamento da foto, mas que a relação dele com os professores e com os novos amigos que fez no local se intensificou. “Eu não tinha nenhum amigo gay, agora o Deco conversa comigo sobre os meus problemas, eu tenho pessoas com quem eu posso me abrir”, desabafa W. Criado numa família evangélica, o aluno de música e jornalismo de revista ainda está se preparando para assumir sua orientação sexual. “Minha mãe já está desconfiando. Se ela souber que aqui é uma escola gay, ela não vai mais deixar eu vir”, teme.
“Você vai apanhar, viado!”
De dia, ele é presidente do E-Camp e atende por Vinícius Saraiva. À noite, de vez em quando, vira Saraivetty Close, mistura do sobrenome com uma homenagem à seu ídolo Ivete Sangalo. Mas em novembro do ano passado estava simplesmente indo para o ponto de ônibus no centro de Campinas para esperar a condução que o levaria à sua casa quando foi surpreendido por dois “carecões gigantescos”, como ele próprio define, que investiram em sua direção e de mais três amigos que o acompanhavam com uma corrente e um pedaço de ferro. Sem titubear, correram para direções opostas tentando fugir dos marmanjos, que ainda praguejavam “você vai apanhar viado!” para quem quisesse ouvir. Um de seus amigos levou uma correntada na perna, mas conseguiu fugir sem maiores consequências. A polícia foi acionada, tentou, mas não conseguiu localizar os agressores, que, diferentemente deles, saíram ilesos da situação. “Toda vez que eu passo por aquele ponto me lembro, com medo, do que aconteceu”, revela.
Vinícius Saraiva (Saraivetty) participa dos cursos de Dança e Jornalismo de Revista na Escola Jovem LGBT
A cultura como forma de militância
As armas que o movimento LGBT empunha na luta contra a homofobia
Reportagem: Gabrielle Adabo, Guilherme Barreto e Renan Teixeira
Fotos: Guilherme Barreto
Lohren Beauty e Deco Ribeiro na sede do Grupo E-Camp e da Escola Jovem LGBT, criada com o objetivo de divulgar a cultura do movimento
Lohren Beauty veste as cores da bandeira LGBT no vestido evasê com as pontas arrebitadas e nos brincos que descem até os ombros. Cabelos curtos vermelhos, maquiagem bem desenhada nos olhos e nos lábios. O sapato de salto alto roxo amarrado com uma fita vermelha nos tornozelos dá o toque final. Com as pernas cruzadas, postura ereta e mãos repousando nos joelhos, Lohren diz achar que a manifestação tradicional com cartazes e passeatas não basta mais. O movimento usa a própria cultura e a arte como formas de militância.
A Drag Queen relata sair de casa para as manifestações e eventos do movimento LGBT vestida assim, já “montada”. A atitude é também uma forma de protesto. Lohren quer que as pessoas se acostumem a vê-la dessa forma e a encarem com normalidade. Quer conquistar o respeito. Seu próprio corpo, suas roupas e sua maneira de agir são a expressão viva da cultura do movimento.
Assim como Lohren, milhares de outros militantes do movimento LGBT se vestem e participam das paradas para manifestar à sociedade que os assiste o orgulho que sentem por fazer parte da classe LGBT. Chamar a atenção do outro, que olha com preconceito para uma maneira de ser que é diferente da sua, é mais eficaz com a alegria extravasada através das cores e performances. O arco-íris da bandeira LGBT é o símbolo da diversidade que tenta se erguer acima do preconceito e da intolerância. E do medo: a homofobia (homo – mesmo sexo, fobia – medo, aversão).
Para a pesquisadora Regina Fachini, do Pagu – Núcleo de Estudos de Gênero da Unicamp, e autora do livro “Sopa de Letrinhas? Movimento Homossexual e Produção de Identidades Coletivas nos Anos 90” (Garamond, 2005), as formas tradicionais de manifestação dos movimentos sociais no Brasil – passeatas, abaixo-assinados, atos públicos – mudaram e se diversificaram ao longo do tempo. Para a cientista social, as paradas são paradigmáticas nesse sentido. “Elas são uma maneira de se retomar a idéia da passeata e do ato público, mas com um jeito irônico, escrachado, debochado, criativo. Se você vai para a rua e prepara uma fantasia ou uma estilização corporal de um personagem para se manifestar em um dia de parada, você também está fazendo uma outra forma de manifestação das suas idéias que usa o corpo como suporte, que usa a roupa como suporte, que usa a irreverência como suporte”, defende.
História e cultura do Movimento LGBT
Em 28 de junho de 1969, uma rebelião no bar Stonewall, sediado em Nova York e frequentado por gays, lésbicas e travestis, transformou-se no marco histórico que fundaria o dia do orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros) no mundo todo.
Cansados da violenta repressão policial a sua orientação sexual (que ainda era vista como opção na época), os homossexuais lançaram-se numa batalha campal contra as autoridades, inspirando o surgimento de grupos pró-homossexuais em toda a América Latina.
No mesmo ano, o “Nuestro Mundo” iniciava suas atividades de contestação e protesto contra a homofobia na Argentina. O grupo era formado por ex-integrantes do partido comunista do país, do qual foram expulsos por serem gays.
O movimento ganhou impulso na década de 1970 em países como Porto Rico e México. No Brasil, os grupos LGBT consolidaram-se no final desse período. Em 1980 aparecem o GGB (Grupo Gay da Bahia), o Somos, em São Paulo, e a publicação Lampião da Esquina, no Rio de Janeiro.
Até o ano de 1990, a Organização Mundial da Saúde considerava o comportamento homossexual como uma patologia. Em 17 de maio daquele ano, a OMS retirou-o da classificação internacional de doenças.
A data tornou-se o dia internacional de combate à homofobia. O governo brasileiro incluiu-a no calendário oficial por meio do Decreto Presidencial de 04 de junho de 2010.
Em 1995 começam a ocorrer as primeiras paradas gays no país. Desde 1997 a Parada do Orgulho Gay de São Paulo – a maior do Brasil – acontece na Avenida Paulista e reúne milhões de pessoas: homossexuais, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais, drag queens, simpatizantes e curiosos que vão ao local para conferir o agito do evento.
Baseado em números da polícia do estado de São Paulo, o Guiness Book (livro dos recordes) registrou a edição de 2006 como a maior parada gay do mundo, contando com aproximadamente 2,5 milhões de pessoas. Os organizadores da parada da Avenida Paulista, porém, consideram que a marca tenha sido atingida já em 2004.
A parada gay de São Paulo é hoje alvo de críticas. Seus detratores consideram-na um evento voltado aos interesses comerciais da cidade (os hotéis atingem lotação máxima). Também afirmam que ela contribui para vulgarizar a imagem dos homossexuais, com performances extravagantes, muito barulho e sujeira na avenida, além de relatos de atos sexuais em vias públicas.
O acrônimo LGBT foi cunhado na 1ª conferência nacional GLBT (gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e transgêneros), ocorrida entre 5 e 8 de junho de 2008, em Brasília. A alteração se deve ao crescimento do movimento das lésbicas e do apoio dos outros grupos homossexuais às mulheres.
Em 2011 o movimento LGBT viu triunfar uma de suas principais reivindicações: o direito de casais homossexuais de firmarem uma união estável que seja reconhecida pelo Estado brasileiro, a fim de que possam desfrutar das mesmas prerrogativas de que possuem os casais héteros em união civil. A decisão foi tomada em unanimidade por quatro ministros do STF (Superior Tribunal Federal) no dia 5 de maio deste ano.
O Ministério da Cultura afirma que desde 2005 vem tomando ações afirmativas e implementando políticas de apoio do movimento LGBT por meio de editais que abrangem concursos e premiações culturais. O Minc divulga que, entre 2005 e 2010, foram investidos nessas ações cerca de 4,2 milhões de reais em 161 iniciativas.
Caso Bolsonaro
O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) ganhou notoriedade junto à opinião pública por suas declarações polêmicas a respeito de cotas sociais nas universidades públicas e políticas de combate à discriminação racial e sexual.
Em resposta a um material do Ministério da Educação (MEC), que seria entregue aos alunos nas escolas e cujo conteúdo visava conscientizar sobre a questão da homossexualidade, em maio deste ano o deputado mandou seus assessores distribuírem mais de 50 mil panfletos “anti-gay” na saída do metrô de Copacabana, em portões de escolas, nas entradas de igrejas evangélicas e nas caixas de correio de condomínios na zona sul.
Bolsonaro chamou o material do MEC de “kit gay”, no sentido de que o texto incitava a homossexualidade nos alunos. “Esse material dito didático pelo MEC não vai combater a homofobia, ele vai estimular a homofobia lá na base, no primeiro grau”, disse na ocasião.
O deputado se envolveu em polêmica candente em março quando de uma entrevista concedida ao CQC (Custe o que Custar) – programa de entretenimento da Rede Bandeirantes. Ao responder uma pergunta da cantora Preta Gil afirmou que seus filhos não corriam o risco de namorar uma negra, pois eram bem educados e não haviam crescido num ambiente promíscuo.
A artista entrou com uma representação no Ministério Público por crime de intolerância racial, enquanto o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro, Wadith Damous, oficializou processo por quebra de decoro parlamentar contra Bolsonaro.
Escola Jovem LGBT
A casa de Lohren Beauty e Deco
tornou-se sede da Escola Jovem LGBT
tornou-se sede da Escola Jovem LGBT
Orgulho é a palavra de ordem que conduz as formas de militância da comunidade LGBT. Seja por meio de paradas, passeatas políticas, eventos culturais ou publicações, os participantes não têm vergonha de bater no peito para defenderem seus direitos junto à sociedade. Deco Ribeiro que o diga. Ele é membro do Comitê Municipal do PCdoB em Campinas, diretor da Escola Jovem LGBT, primeira do gênero no país, e ainda tem um posto de peso: é conselheiro nacional de juventude junto à Presidência. É formado em jornalismo, tendo como outros atributos os ofícios de educador e comunista, como ele próprio define em seu blog (decoribeiro.blogspot.com).
Há dez anos lançava na internet a ideia que se tornaria uma das maiores comunidades LGBT virtuais do país: o Grupo E-Jovem. O site sobre sexualidade de adolescentes gays nasceu em 2001 após a reunião de amigos num chat com o intuito de discutirem questões relacionadas ao universo homossexual. Totalmente independente e com colaboradores voluntários, o Grupo E-Jovem se tornou ONG em 2004 em Campinas e hoje conta com 4600 cadastrados em mais de 20 sedes pelo país (em Campinas, são cerca de 120 cadastrados). Deco, além de fundador, foi diretor nacional do grupo de 2004 a 2008 e hoje é editor executivo e webmaster do site.
No início de 2010, a ONG E-Jovem, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo e com o Ministério da Cultura, abriu a Escola Jovem LGBT, “Ponto de Cultura” que se tornou o primeiro centro educativo do país voltado ao ensino da cultura LGBT para jovens – héteros e homossexuais, diga-se de passagem. “Os cursos são abertos a todos os interessados, e não um gueto”. Aliás, um dos argumentos mais usados nas críticas à atuação da escola é exatamente o fato de, na tentativa de inserir a homossexualidade na sociedade, os gays se isolem mais ainda em núcleos próprios. “Atingimos também com nossos cursos heterossexuais indiretos, como pais, mães e familiares dos alunos”, rebate Deco. O jornalista, que possui 39 anos, acredita que só assim irá contribuir para que os objetivos do E-Jovem e da Escola se concretizem. “Temos que descobrir, junto com a sociedade, o que é essa tal de cultura LGBT, e fazer com que esse conhecimento enriqueça todos, assim como funciona qualquer centro cultural, como um museu de história, por exemplo”, compara Deco.
Após um ano de atuação intensa e um árduo trabalho de aceitação na cidade (que inclusive gerou repressões morais e físicas à sede do projeto) a Escola Jovem LGBT possui 30 alunos entre 15 e 26 anos e oferece três opções de cursos: Música, Teatro e Jornalismo de Revista. As aulas acontecem todo sábado e domingo num imóvel localizado no bairro Nova Europa (Rua José Camargo, 382), que inclusive é conjugado à casa de Lohren Beauty, presidente nacional do Grupo E-Jovem e esposa de Deco (ou marido, se ela não estiver “montada” e atender por Chesller Moreira, seu nome na Certidão de Nascimento). Os cursos trabalham assuntos e geram produtos relacionados ao universo da cultura LGBT, como o estímulo à composição e à musicalização de canções que abordem os conflitos da sexualidade e a produção de fanzines e publicações impressas ou virtuais que divulguem informações úteis aos homossexuais. Só no ano passado, segundo Deco, o Grupo E-Jovem e as ações da Escola atenderam diretamente 700 jovens na cidade e 6000 no Brasil. Por aqui, as ações enfocam alunos do Ensino Fundamental e Médio em eventos públicos de conscientização dos direitos homossexuais e combate à homofobia.
A Escola Jovem LGBT, em consonância com o Grupo E-Jovem (que em Campinas recebe o título de E-Camp) possui alguns objetivos formalizados, como cita Deco: dar apoio ao jovem LGBT, dar e trocar informações importantes para este jovem, formar para a militância, ser um espaço de convivência da homossexualidade e ensinar técnicas de expressão para o exercício da convivência social. Assim, resume o jornalista, busca-se a conscientização do papel do homossexual na contemporaneidade por meio da arte e da cultura.
Por incrível que pareça, todo o engajamento político, cultural e artístico de Deco na defesa dos direitos dos homossexuais esconde um gay que demorou para se aceitar. Foi apenas na beira da casa dos 30 que o carioca passou a procurar informações sobre esse universo e viu que o caminho natural – e menos prejudicial à saúde de seu futuro, seria assumir de vez que gostava de meninos. Largou o curso de Física que estudava na Universidade de Campinas – Unicamp, e foi para o jornalismo, usando sua expressividade em palavras de combate à intolerância e ao preconceito.
A homofobia, para Deco, é o maior aliado ao código social que exige que todo “machão” satisfaça as expectativas da maioria: cumpra seu papel social. Em voga na mídia nos últimos tempos, o ódio aos gays encontra cada vez mais discípulos do mestre Bolsonaro ávidos pelo extermínio dos homossexuais. “Essa visibilidade traz conquistas para a classe LGBT ao mesmo tempo em que faz com que os homofóbicos escondidos saiam de seu escudo de proteção. É uma faca de dois gumes”, pondera Deco. Para começar a reverter a situação, ele acredita no poder da convivência como forma de familiaridade e aceitação do diferente.
As novelas, um dos maiores, senão o maior representante dos produtos da cultura popular brasileira, vêm há algum tempo incutindo na mentalidade da população um olhar igualitário para com as ditas minorias sexuais. É cada vez mais comum vermos entre os personagens um ou mais casais homoafetivos que, segundo o professor de Jornalismo de Revista da Escola Jovem LGBT, Breno Queiroz, contribuem para a quebra de vários preconceitos mostrando, por exemplo, a construção de novos modelos de família, a possibilidade da existência de gays normais (uma vez que o estereótipo convencionado diz que todos os homossexuais são promíscuos e não têm sentimentos) e que para ser gay não precisa parecer gay. “Isto é chocante para quem está acostumado a rotular as identidades sexuais”, admite Breno.
Os grupos LGBT que aliam a produção de manifestações culturais e artísticas com a militância são ainda tímidos no país. “Dá para contar nos dedos”, lamenta Deco. O diretor da Escola Jovem LGBT de Campinas, o primeiro centro educacional para jovens homossexuais do Brasil, conta que, além da escola, os movimentos de maior destaque em atuação são o GGB (Grupo Gay da Bahia), a mais antiga associação de defesa dos direitos humanos dos homossexuais no país (desde 1980), localizado no coração do Pelourinho, em Salvador; o GDN (Grupo Diversidade Nacional), que atua em Niterói desde 2004; e o Somos – Comunicação, Saúde e Sexualidade, associação que desde 2001 trabalha com a cultura de respeito às sexualidades e à diversidade cultural no Rio Grande do Sul. O Somos está em processo de produção do Mapeamento Cultural LGBT, inédito no país, que busca identificar, sistematizar e registrar um panorama atual das manifestações artísticas ligadas à população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transsexuais no Brasil.
O jornalismo e a divulgação da cultura LGBT
Breno Queiroz dá aulas de jornalismo voluntariamente todos os finais de semana
Por meio do jornalista Breno Queiroz, os alunos da Escola Jovem LGBT têm acesso ao curso Jornalismo de Revista. Além de transmitir a cultura e o histórico das publicações LGBT, as aulas fornecem ferramentas básicas para a expressão jornalística e promove a produção de fanzines e uma revista, feitos pelos alunos.
Nos fanzines, as artes gráficas, com fotografias, desenhos e cores, são utilizadas para transmitir informações sobre o movimento e combater o preconceito e a homofobia.
A revista, que em breve será lançada, está sendo produzida pelos alunos, desde às pautas à redação dos textos. Ela é utilizada como livre espaço de expressão, segundo o professor Breno. O jovem paulista de 26 anos, formado em Jornalismo pela Unesp, diz não ter a intenção de exigir dos alunos as técnicas de redação e produção de uma revista, mas estimulá-los à livre produção de textos que os motivem a continuar usando a palavra como ferramenta. As pautas tampouco buscam uma explicação para a homossexualidade. As preocupações dos adolescentes, os temas que giram em torno do universo LGBT dos alunos, esse é o principal foco. A partir daí, a criatividade corre solta.
Breno produziu, em 2010, como trabalho de conclusão de curso, uma revista para tratar do universo jovem LGTB: a LGBTeen. O jornalista continua seu trabalho através do blog Virei Lobisomem (vireilobisomem.blogspot.com), por meio do qual trata com humor as questões do universo gay. O blogueiro ainda reserva tempo para atualizar seu mais novo projeto virtual: a blog-série gay-teem verde-amarela mais colorida da história “O Ataque dos Garotos”, que conta as reflexões de um jovem gay que decide se suicidar. A trama já está em seu segundo capítulo e pode ser conferida no endereço oataquedosgarotos.blogspot.com.
O também jornalista Eduardo Gregori, de Campinas, define-se como um “militante jornalístico”. Desde 1999 Gregori mantem o site Espaço GLS (sigla, segundo ele, usada comercialmente para se referir ao movimento), no qual reúne notícias sobre o universo LGBT, com o objetivo de “dosar um pouco de cada coisa: cultura, saúde, direitos...”.
O site surgiu da necessidade de preencher uma lacuna que Gregori diz ter encontrado na mídia de Campinas, também desde a faculdade de jornalismo. Em seu trabalho de conclusão de curso, Gregori mapeou 20 anos de mídia homossexual no Brasil e diz ter encontrado poucas publicações voltadas a este público. Participou, em seguida, de dois jornais impressos do gênero: O Babado e Bafond. Mas foi na internet que Gregori conquistou o espaço que desejava. O site recebe hoje cerca de dois milhões de acessos por mês.
Em Campinas, segundo Gregori, há grupos que promovem as “paradas” e se vestem como expressão da cultura. No antigo teatro da vila Padre Anchieta, de acordo com ele, um concurso de novos talentos reuniu a comunidade LGBT do bairro que prepara o espetáculo e o apresenta à comunidade. A ação deu resultados. As pessoas do bairro passaram a assistir o espetáculo e inclusive a torcer pelos artistas.
Eles são duros na queda
Conheça duas histórias de agressão moral e física sofridas por alunos da Escola Jovem LGBT e como eles deram a volta por cima.
“Aqui é o único lugar em que eu me sinto bem”
W.B., de 17 anos, passou por uma experiência que todo jovem homossexual teme: a chacota pública na escola após seus colegas descobrirem que ele gostava de pessoas do mesmo sexo. Após uma viagem que fez junto com o E-Camp à Brasília em maio deste ano na II Marcha Nacional Contra a Homofobia, uma foto em que o W aparecia beijando um outro garoto vazou através da rede de relacionamentos Facebook. Os olhares e cochichos intimidadores pelos corredores do colégio acontecem frequentemente. “Foi aí que eu descobri quem realmente é meu amigo”. O jovem conta que já frequentava a Escola Jovem LGBT antes do vazamento da foto, mas que a relação dele com os professores e com os novos amigos que fez no local se intensificou. “Eu não tinha nenhum amigo gay, agora o Deco conversa comigo sobre os meus problemas, eu tenho pessoas com quem eu posso me abrir”, desabafa W. Criado numa família evangélica, o aluno de música e jornalismo de revista ainda está se preparando para assumir sua orientação sexual. “Minha mãe já está desconfiando. Se ela souber que aqui é uma escola gay, ela não vai mais deixar eu vir”, teme.
“Você vai apanhar, viado!”
De dia, ele é presidente do E-Camp e atende por Vinícius Saraiva. À noite, de vez em quando, vira Saraivetty Close, mistura do sobrenome com uma homenagem à seu ídolo Ivete Sangalo. Mas em novembro do ano passado estava simplesmente indo para o ponto de ônibus no centro de Campinas para esperar a condução que o levaria à sua casa quando foi surpreendido por dois “carecões gigantescos”, como ele próprio define, que investiram em sua direção e de mais três amigos que o acompanhavam com uma corrente e um pedaço de ferro. Sem titubear, correram para direções opostas tentando fugir dos marmanjos, que ainda praguejavam “você vai apanhar viado!” para quem quisesse ouvir. Um de seus amigos levou uma correntada na perna, mas conseguiu fugir sem maiores consequências. A polícia foi acionada, tentou, mas não conseguiu localizar os agressores, que, diferentemente deles, saíram ilesos da situação. “Toda vez que eu passo por aquele ponto me lembro, com medo, do que aconteceu”, revela.
Vinícius Saraiva (Saraivetty) participa dos cursos de Dança e Jornalismo de Revista na Escola Jovem LGBT
terça-feira, 14 de junho de 2011
Noite DIVAS
Parte do elenco da Noite DIVAS
Povo,
Tô em falta com vocês, né? é que mês de junho é tamanha correria - e ainda estou finalizando um projeto e correndo atrás dos pepinos de outro - que nem sobra tempo pra organizar os pensamentos.
Só tomei a iniciativa de vir aqui postar porque participei de um evento no domingo que merece ser divulgado.
Cerca de 500 pessoas - e dezenas de casais - enfrentaram o friozinho da noite desse domingo para prestigiar a "Noite DIVAS", organizada pelo Grupo E-jovem e pela Escola Jovem LGBT. Esse evento é uma atividade do Mês da Diversidade, que antecede a Parada do Orgulho LGBT de Campinas, marcada para 3 de julho.
Lohren Beauty e a galera lotando a praça
Pela primeira vez, gays, lésbicas, drag queens e travestis de Campinas ocuparam o tradicional coreto da praça Carlos Gomes, em pleno centro da cidade, com mais de três horas de apresentações. Foram cerca de 20 shows, só de músicas românticas, em homenagem aos namorados LGBT.
Saraivetty fazendo a diva
Tááá, querida!!
Confiram a GALERIA DE FOTOS.
bjos do Deco =]
quinta-feira, 2 de junho de 2011
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