sexta-feira, 9 de abril de 2010

"Totalitarismo disfarçado em conferências!", grita a Direita

Povo francês derruba a Bastilha. A nossa também vai cair...

A Direita no Brasil sempre teve uma vida fácil. O Povo era manso e Governo e Mídia estavam em seu bolso. O Governo fazia tudo,sem consultar o Povo (afinal,fora eleito pra isso). Bastava "orientar" o Governo e a fatura estava ganha. Anos durou essa orgia, desenfreada.

Hoje o Povo acorda. Vem despertando aos poucos, desde 2003. E, debaixo dos bigodes despreocupados da Direita, que dormia o sono ébrio dos bacanais, o Povo realizou 66 Conferências Nacionais, sobre os mais diversos temas. Só a mais recente, de Educação, contou com 1.421 conferências municipais, 470 intermunicipais, 27 estaduais e a nacional. Todas seguiram mais ou menos esse roteiro.

O resultado dessas Conferências orienta o Governo nas suas políticas - se forem executivas já são imediatamente executadas, se forem legislativas, vão ao Congresso etc.

Aí a Direita acordou. Mas foi só quando a água bateu na bunda, na Conferência de Comunicação (que tinha a ver dirtamente com o controle social da Mídia - o Povo escolhendo o que quer em troca de suas concessões). Vieram as polêmicas (polêmicas só nos jornais e na TV, porque era ELES os indignados, não o Povo) da Conferência de Comunicação, da Conferência de Direitos Humanos... E, agora, a de Educação.

Mas é muito tarde, Direita. O bonde já passou. Resta espernear e anunciar aos quatro ventos que o seu Fim está próximo. Como no Editorial abaixo, publicado hoje no maior jornal de Campinas. Vamos comentá-lo, em vermelho?

Totalitarismo disfarçado em conferências 
[um título que já diz a que veio]


Publicado em 9/04/10 no jornal Correio Popular - Campinas/SP

A realização de conferências nacionais para discussão dos grandes temas da sociedade é uma iniciativa, em princípio, elogiável. Sempre se deve esperar a participação de todas as representações sociais para se auferirem os padrões desejáveis sobre todas as áreas. Deveriam ser [e são] fóruns regulares para que os governos e representações políticas tivessem os parâmetros dos sentimentos da comunidade e das aspirações dos cidadãos.

No momento político atual, as conferências articuladas pelo governo federal têm se desviado de seu propósito primordial, que é a oitiva de todos os segmentos da sociedade, em igualdade de condições e com uma predisposição de se acatarem as manifestações [primeiro argumento da Direita: diz que não consegue ser ouvida, está em desigualdade de condições e ninguém deixa ela se manifestar. Engraçado... a Direita possui a Mídia e se manifesta através dela todo o tempo - como agora. O Povo tem o quê?]. Tomadas por grupos de forte influência política, articulados para impor um único ponto de vista centralizador, as conferências se esvaziaram em conteúdo e deixaram de espelhar o pensamento da maioria dos cidadãos, tornando-se meros manifestos tendenciosos, direcionados a uma única vertente, o controle totalitário do Estado sobre todas as formas de organização e manifestação. [segundo argumento: só quem consegue se mobilizar e se articular para aprovar propostas é a Esquerda e, por isso, a Conferência não vale. Ora, se a Mídia, por exemplo, divulgasse mais as Conferências, outros setores mais acomodados da sociedadepoderiam sair de seu estupor orgiástico e ir lá brigar por seus pontos de vistas conservadores. Mas a Direita não está acostumada com isso. Ela quer é pegar o telefone, ligar pro ministro tal e resolver na ora. Só que não é mais assim que funciona...]

Os relatos finais da Conferência Nacional de Comunicação e Direitos Humanos formam o desenho escrachado do viés totalitarista da política do governo Lula, atingindo questões delicadas e importantes [para a Direita] como a liberação do aborto, a questão da tortura praticada durante a ditadura militar, o confronto entre o agronegócio e as invasões de terra, além de pretender estabelecer um controle abjeto sobre a imprensa. Não foram poucas as críticas [da Direita, da Mídia], veementes e contundentes, a ponto de obrigar o governo a rever o texto e voltar atrás em vários aspectos que ferem a lógica moral e o espírito democrático [pura perfumaria. Nenhuma mudança de peso foi realizada. A Direita se acalma com a anúncio de mudanças e, enquanto isso, as propostas originais são implantadas].

O mais recente documento extraído pelo grupo articulado foi a Conferência Nacional da Educação, onde mais uma vez se emprega o controle exacerbado sobre as atividades educacionais, pretendendo um modelo de controle e gestão que interfere até mesmo em instituições particulares [O texto da Conferência de Educação (leia clicando no link) é realmente revolucionário. Na conferência aqui de Campinas eu já tinha dito: "Não há quase nada a se acrescentar - temos é que defender esse texto para que a Direita não o destrua." Conseguimos. Mas agora vem o chororô.]

Aos que argumentam que as conferências são reuniões abertas e franqueadas a quaisquer organizações, instituições e representações setoriais [e são], o contraponto é a realidade. Essas reuniões são articuladas e inseminadas de um programa previamente determinado, tomado por agentes profissionais preparados para exercer uma influência agressiva, intimidadora, a ponto de vetar a participação de quem deseje defender uma posição que não seja a pretendida por esses grupos [Mentira deslavada. A Direita é que não se organiza e não semobiliza para ocupar esses espaços. Quando aparece, com sua carranca minoritária e raivosa, apresenta um discurso tão preconceituoso e retrógrado, que até as senhorinhas mais simplórias e não articuladas da Conferência não conseguem se ver representadas por essas criaturas e votam em massa com as organizações de Esquerda. É no debate que a Direita perde. Por isso, evita o debate. E perde de novo, por W.O.]

Em outras palavras, as conferências deixaram de ser um fórum de lucidez e discussão para ser uma arena de embates violentos e arrogantes [de ambos os lados, diga-se de passagem], onde a razão e o argumento [ou seja, a Direita] não têm vez. Recusar-se a participar de uma farsa que procura dar legitimidade a um movimento orquestrado por movimentos estranhos [hahaha] à sociedade não é omissão, é apenas um gesto de repúdio a uma proposta que deverá ser firmemente rechaçada no Congresso Nacional, depois de uma verdadeiro e legítimo debate com a sociedade [Nesse último parágrafo, o mea culpa e a justificativa: não participamos direito das 66 Conferências, mas não foi omissão, foi de propósito! E vai tudo parar no Congresso mesmo (que ela domina), então beleza. Sinto informar, Direita, mas muita coisa não precisa passar pelo Congresso. Muitas já estão acontecendo, pois são da esfera do Executivo. Equando vocêsacordarem pra mais essa realidade, o bonde já terá passado - mais uma vez.


E a Revolução vai sendo feita - silenciosamente. Pra não acordar a Direita de seu estupor].
  

Um comentário:

Lú Lisboa (a bruxa) Marquinho Mota (o kxorro) disse...

Parabéns Deco. Muita clareza no seu texto.
Na luta sempre.
Marquinho Mota