terça-feira, 29 de junho de 2010

Parada de Campinas foi 10!!

Helloá Meirelles e 150 mil pessoas nas ruas de Campinas: 
Parada nota 10
    
E não é que a 10a. Parada de Campinas saiu - e foi um sucesso?? A contagem ficou entre 120 e 150 mil pessoas, mas isso foi o que menos importou: bonito mesmo foi ver a satisfação da Comissão da Parada aos prantos, no final, quando tudo já tinha dado certo e ainda havia mais de 20 mil pessoas no Largo do Rosário prestigiando o finalzinho do show.

 Androginia, bate-cabelo e montação: 
Cultura LGBT dentro e fora do palco da Parada

O pranto,  de felicidade, mas também de alívio, se deu pelos inúmeros entraves enfrentados pela comissão na organização do evento. Muitos deles derivados da TOTAL falta de compromisso da Secretaria de Cultura de Campinas (infelizmente entregue ao DEM - às moscas seria melhor!) com a causa LGBT.
 APAGÃO DA CULTURA: 
Na abertura do Mês da Diversidade, os shows foram no chão e o público ficou de pé -  secretaria de Cultura não abriu o coreto e nem levou as mesinhas que prometera

Gente, convenhamos: pior que falar "Não vou ajudar", é dizer que vai e, na hora, furar. Pois foi o que a secretaria de Cultura fez, no começo do mês, quando descobrimos, depois de tudo certado, que não teríamos apoio nenhum. Quem nos salvou foi outra secretaria, a de Assistência Social e Cidadania, que honrou o compromisso da prefeitura. Ponto para o Paulo Reis e a nova Coordenadoria de Políticas LGBT da cidade.
    
"No final, foi uma vitória da amizade!", comemorou Lohren Beauty, uma das lideranças na comissão de organização e apresentdora da Parada. "Contra todas as expectativas, mostramos que a comunidade LGBT UNIDA pode fazer e acontecer nessa cidade. Nos aguarde!"

 Lohren Beauty (centro) cercada de drags, gays e bissexuais:
"Vitória da amizade!"

Quem agradece é a população LGBT que, este ano, atendeu à Parada em número visivelmente maior que o do ano passado, fechando pela primeira vez as duas vias de trânsito das avenidas Moraes Salles e Anchieta, para desespero dos amarelinhos que planeja o fechamento de uma pista só.
Multidão pacífica ocupa a cidade: 
SAMU atendeu a apenas duas ocorrências

Tá bom, tá bom, falei demais já!! quem quiser ver TODAS as fotos da Parada, acesse o blog da Lohren: http://www.lohren-beauty.blogspot.com. Ela também fez o vídeo abaixo com um resumex do que rolou:
   




quinta-feira, 24 de junho de 2010

NOTA À IMPRENSA: Campinas celebra 10 anos de luta LGBT

Campinas celebra 10 anos de luta LGBT
Parada do Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, neste domingo, 27, terá como tema a luta pela justiça social
 
Comissão da Parda do Orgulho LGBT de Campinas
Depois de levar 120 mil pessoas às ruas da cidade no ano passado para comemorar o Dia do Orgulho LGBT, a Parada do Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais de Campinas volta a sair às ruas no dia 27 de junho – consolidando- se como a maior manifestação de rua da região.
  
Antes, nos dias 25 e 26, a comunidade LGBT esquenta seus motores na Big Juice Party, matinê dos LGBT adolescentes, e na Manifestação Sáfica, festa de mulheres lésbicas e bissexuais. Os dois eventos acontecem, respectivamente, nessa sexta e sábado, na Praça Bento Quirino, a partir das 19h.

MÊS DA DIVERSIDADE
A 10ª Parada do Orgulho LGBT é apenas o clímax do Mês da Diversidade que este ano começou no dia 12 de junho. Empleno Dia dos Namorados, a festa Divas levou drag queens a entoarem músicas românticas no coreto da praça Carlos Gomes, no centro da cidade.
  
Drag queen Karina Beauty na festa DIVAS

No dia seguinte, domingo, dia 13 de junho, aconteceu a já tradicional abertura do Mês, no Parque do Taquaral, com a Gincana da Diversidade. Apresentado por Piscilla Drag, a Gincana levou dezenas de pessoas ao parque, entre homo e heterossexuais.
  
Dia 19, sábado passado, foi a vez da 6ª edição do Festival de Novos Talentos, da Vila Pe. Anchieta, organizado pelos moradores do bairro. Com apresentações artísticas de drag queens e transformistas, o evento contou este ano com a primeira apresentação de teatro dos alunos da Escola Jovem LGBT e promoveu a visibilidade positiva dessas artistas e de toda a população LGBT junto à comunidade.

Dia 25, sexta-feira agora, a juventude LGBT invade a Praça Bento Quirino, no centro da cidade, para uma festa com a sua cara! É a BIG JUICE Party, uma matinê com DJ e shows de drags para a garotada que ainda não pode entrar na boate.

No sábado, 26, as mulheres lésbicas e bissexuais ocuparão novamente a praça Bento Quirino, na Manifestação Sáfica, um sarau a céu aberto, regado a poesia, música, desfile e danças, explicitando publicamente o direito constitucional da expressão da afetividade, capitaneadas pelo Mo.Le.Ca., o Movimento Lésbico de Campinas.

E finalmente no dia 27, domingo, a partir das 13h, ocorre a concentração, no Largo da Pará, da 10ª Parada do Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais de Campinas, que voltará ao seu trajeto tradiconal este ano, com encerramento no Largo do Rosário.
  

Jovens LGBT e familiares participaram das atividades do Mês da Diversidade

Locais e horários dos eventos por vir estão detalhados abaixo.

PROGRAMAÇÃO:
 
       25/06 - BIG JUICE Party - A Matinê LGBTenn do E-Jovem
       Local: Praça Bento Quirino (Praça do Sucão)
       Horário: 19 horas

       26/06 - V Manifestação Sáfica - Evento de Mulheres Lésbicas e Bissexuais
       Shows, Performances DRAG KINGS, Dança e Música
       Local: Praça Bento Quirino (Praça do Sucão)
       Horário: 19 horas
Nesta data também ocorre a festa oficial Pré-Parada LGBT de Campinas, na Pride Club, a partir das 23:30h.

       27/06 - X Parada do Orgulho LGBT de Campinas: "10 ANOS DE LUTA - todos juntos pela justiça  social". Apresentação de Priscilla Drag, Pretty Lupon e Lohren Beauty.
       Concentração: Largo do Pará (Av. Francisco Glicério x Av. Aquidaban)
       Horário: 13 horas

TRAJETO DA PARADA: Início no LARGO DO PARÁ, descendo na contra-mão da Francisco Glicério até Av. Moraes Sales, virando à direita até a Irmã Serafina, virando à esquerda até a Av. Benjamim Constant, virando à esquerda até a Av. Francisco Glicério e virando à esquerda, na mão dos carros, até o LARGO DO ROSÁRIO, onde acontece o Grande Show de Encerramento, por volta das 20 horas.

CONTATOS:
Telefone - 19 93413764 / Lohren Beauty
Telefone - 19 81125306 / Maria Amélia

Homofobia mata garoto de 14 anos no RJ e E-JOVEM divulga como o Estado pode melhorar a Segurança Pública de LGBT

Eu ia escrever um longo e indignado post sobre o caso do Alexandre, mas, ao procurar fotos do garoto, me deparei com esse post que simplesmente diz tudo. Vou assinar embaixo e repostar aqui. 

Só dois comentários:

1) Numa matéria do jornal O Globo, a mãe aparece negando que o filho fosse homossexual. Respeitamos a dor da família, mas negar a sexualidade do filho não ajuda nesse momento. Sendo ou não gay, Alexandre morreu porque acharam que ele fosse - o que mostra que a homofobia é um risco a TODA a sociedade. É bom registrar que o Ilê (como os amigos o chamavam) participava do Grupo Atitude, que defende os direitos LGBT em São Gonçalo. Mesmo não sendo gay, era um grande e jovem Aliado.


2) O outro comentário é que o E-JOVEM fez uma Conferência de Segurança Pública & Juventude LGBT, ano passado. O que mostra que os jovens estão sim indignados com a falta de segurança e a vulnerabilidade a que estão sujeitos nas ruas. As diretrizes elaboradas nessa Conferência podem ser encontradas aqui e eu sugiro que fossem reforçadas pelo E-JOVEM e demais ongs LGBT ao longo deste ano.


Segue o post sobre o brutal assassinato homofóbico. Leiam.


Deco.

Morre brutalmente assassinado um jovem de 14 anos de idade, motivado pelo ÓDIO aos HOMOSSEXUAIS!


Alexandre Thomé Ivo Rojão, de 14 ANOS, foi SEQUESTRADO, TORTURADO e MORTO, no bairro da Califórnia, no Município de São Gonçalo, Rio de Janeiro, na madrugada de segunda-feira.
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Alexandre saiu no domingo para ver o jogo do Brasil na casa de amigos, os quais teriam se envolvido numa briga. A turma do Alexandre registrou queixa na delegacia e depois voltaram para festa. As 2:30hs Alexandre voltava para casa quando foi surpreendido e interceptado, culminando no brutal assassinato. Seu corpo foi deixado num terreno baldio.
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O delegado Geraldo Assed, da 72ª DP (Mutuá), suspeita que o crime tenha sido praticado por skinheads e motivado por intolerância a orientação sexual.
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De acordo com a polícia, Alexandre foi torturado comcrueldade. No laudo cadavérico consta que ele foi morto por:
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1- asfixia mecânica;

2- enforcado com sua própria camisa;

3- com graves lesões no crânio do adolescente, provavelmente causadas por agressões com pedras, pedaços de madeira e ferro.
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Três suspeitos foram identificados por meio de ligações do Disque Denúncia. Os telefonemas informavam que o corsa branco KQH 4119, que pertence a um deles, foi visto próximo ao local onde o corpo da vítima foi encontrado. Segundo o delegado os suspeitos pregam na rede social ódio contra homossexuais.
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A Justiça decretou nesta quarta-feira a prisão temporária dos três suspeitos. São eles, Eric Boa Hora Bedruim, Alan Siqueira Freitas e André Luiz Cruz Souza, todos de 23 anos, acusados de praticar homicídio duplamente qualificado por motivo torpe.
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Em blog de pessoa que parece ser próxima dos familiares da vítima afirma que será realizado no próximo domingo, dia 27, um ato de protesto e pedido de justiça, na praça Zé Garoto, São Gonçalo, as 15hs, quando ocorrerá o evento da Parada Gay local.
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Em entrevista ao RJTV, a mãe inconformada, D. Angélica(foto acima), segurava o retrato do menor e dizia sobre o horror de ver o rosto do filho totalmente desfigurado, no momento de reconhecer o cadáver no IML, e da crueldade dos assassinos.
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D. Angélica pediu justiça e alegou que não pode passar despercebido esse crime:
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"... agente tem que ser livre... , as pessoas tem que ter o direito de ir e vir, não interessa se voce gosta de vermelho, eu gosto de laranja e ele gosta de branco".
/A ausência de lei que criminalize o crime de ódio contra homossexuais é um incentivo para que bárbaros pratiquem crimes brutais como este. Que PESE NA CONSCIÊNCIA dos Senadores da República que se OMITEM e são contrários ao projeto de lei 122/2006 este crime!!!
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Uma lei penal não muda o pensamento homofóbico de uma sociedade preconceituosa, mas seu caráter punitivo e preventivo, serve ao menos como recado de severa punição pelo Estado para que animais criminosos como estes.
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Ao se negar legislar, se omitindo, o Estado manda recado oposto para esses vândalos.
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Alexandre Ivo poderia estar vivo hoje. Não está.
/
Por mais que se grite, chore, berre, denuncie não mudará o fato de Alexandre Ivo, com apenas 14 anos de idade, com muita história por realizar, ter sido brutalmente assassinada por puro preconceito aos homossexuais, diante dos olhos omissos do Estado, tão preconceituoso quanto os assassinos desta criança.
  
Carta de Campinas
Esses foram os sete princípios que deveriam ser abraçados pela Segurança Pública, de acordo com a Juventude LGBT - e as 21 diretrizes para se atingir esse objetivo:

"Nós, adolescentes e jovens do Estado de SP, reunidos em Campinas para a Conferência Livre de Segurança Pública e Juventude LGBT, organizada pelo Grupo E-JOVEM, deliberamos que:
 
PRINCÍPIOS
A Segurança Pública DEVE:
 
• Ser menos homofóbica

• Ajudar a diminuir a desigualdade social

• Ser acessível a todos

• Ter trabalhos de conscientização junto à sociedade

• Ter um caráter mais preventivo do que corretivo em relação à violência

• Capacitar permanentemente seus agentes para que impeçam a prática da homofobia

• Mobilizar Guardas Municipais e Policiais Civis e Militares, em geral, em relação aos direitos de proteção dos LGBT

 
DIRETRIZES
Para que isso ocorra, o Estado deve:
 
• Articular com os diversos setores do poder público a aprovação do PLC 122/06, que inclui a orientação sexual e a identidade de gênero entre as características protegidas de discriminação;

• Realizar palestras e encontros de treinamento para policiais, delegados e demais agentes de segurança pública visando a mudança de mentalidade dos mesmos em relação aos homossexuais;

• Investir em recrutamento e seleção de policias, visando identificar personalidades homofóbicas e não efetivando pessoas com esse perfil;

• Investir na ampliação e manutenção de rondas comunitárias em locais de freqüência LGBT;

• Capacitar policiais para tender de forma igualitária a população, independente de classe social, orientação sexual ou qualquer outra característica;

• Financiar cursos de capacitação para agentes de segurança pública, oferecido por ONGs LGBT;

• Ter programas que incentivem a aproximação entre policiais e a sociedade, de forma que esses agentes conheçam melhor os membros da comunidade na qual trabalham, fortalecendo a confiança em ambas as partes;

• Criar uma Coordenadoria específica para monitorar esse treinamento em Direitos LGBT e o combate à Homofobia dentro dos órgãos de Segurança Pública; 

• Mudar a forma de abordagem policial com relação aos LGBT, principalmente às travestis, que só deveriam ser abordadas por policias femininas;

• Criar e implantar programs anti-homofobia nas escolas;

• Divulgar os direitos da população LGBT nas escolas e dar condições para que os alunos exerçam esses direitos sem homofobia;

• Promover, nas escolas, grupos de discussão para formação e informação de jovens que desejem combater a homofobia;

• Educar para a segurança, incluindo essa temática no currículo de escolas e faculdades.
• Realizar campanhas contra a homofobia na TV e em outras mídias;

• Criar uma delegacia especializada para crimes de homofobia e violência contra LGBT;

• Convocar pais e/ou responsáveis por crianças e adolescentes para participarem de debates e palestras sobre a população LGBT e o combate à homofobia na comunidade;

• Divulgar, através da mídia em geral, nas comunidades e em todo o país, a existência e os trabalhos dos grupos de apoio ao movimento LGBT;

• Criar projetos que aumentem e facilitem o contato e aproximação da sociedade com a população LGBT;

• Financiar campanhas educativas desenvolvidas por ONGs especializadas em trabalho anti-homofobia;

• Implantar programas de geração de renda e inclusão social para pessoas em situação de risco, com ênfase em pessoas que sofrem discriminação em virtude de sua orientação sexual e identidade de gênero, evitando que tais pessoas refugiem-se na criminalidade como meio de vida;

• Divulgar maciçamente, na mídia, todos os projetos e ações contra a homofobia desenvolvidos pelo Estado.

Campinas, 26 de julho de 2009"

segunda-feira, 14 de junho de 2010

"Carta a uma amiga bissexual"

    
 
A carta abaixo é da militante bissexual de Pernambuco Tati Maurano, enviada à colega militante de SP Regina Facchini, também bissexual, após sua participação no SENALE - Seminário Nacional de Mulheres Lésbicas. Regina resolveu divulgar a carta a fim de refletir sobre a participação e o acolhimento de bissexuais no movimento LGBT. 

Ofereço esse post à minha bi-amiga e bi-militante Dani @bi_sides Furtado (foto), que está buscando reerguer o movimento bi no país e ser uma referência para os bissexuais! Fuerza, Dani!! =D

Segue a carta:

"Olá amiga!

Quanto tempo, não?! Espero que esteja bem!

Bom, escrevo a ti na verdade para dizer sobre minhas aspirações, que sentem falta de um feedback, pois essa questão de assumir a bissexualidade é muito solitária. Na maioria das vezes não tem eco. Tenho participado do movimento da maneira que posso, pois estou trabalhando no governo do estado, na cultura e viajo muito.

E isso faz com que eu pense, repense, me indigne. Vontade de dizer tantas coisas, mas ao mesmo tempo cansada de não ter retorno. No último encontro que participei, fiquei vários dias ouvindo sobre a visibilidade lésbica, em muitos momentos me sentindo um gasparzinho...rs. Ver pessoas até engasgar na hora de falar "bissexualidade" ou falando simplesmente pro forma e quando levanto para falar, vem aquele sentimento de alguém falando: "lá vem aquela de novo dizer que é bissexual".

Bom, foi assim praticamente todos os dias. O primeiro dia senti que esse negócio de só ouvir sobre lésbicas é muito chato. No segundo dia achei que pelos menos dizendo mulheres bissexuais, várias vezes já é um ganho porque, quem sabe assim, um dia nós entraremos na pauta de discussão do movimento. No terceiro dia, quando estávamos discutindo as propostas de cultura e as companheiras falando da cultura lésbica e que da bissexual não precisava falar, pois já estava contemplada nas lésbicas, foi demais.

Então, qual é o problema? Eu não me sinto contemplada, sou bissexual e não lésbica. Estou cansada de dizerem que quando estou com mulher sou lésbica, quando estou com homem sou heterossexual. Não! Sou bissexual independente de com quem esteja, amo as pessoas independentemente do seu sexo. Isso é o que me define! Minha identidade sexual é bissexual!

As lésbicas se preocupam tanto com a saúde das lésbicas, tentando provar que entre lésbicas não pega Aids. Então eu sou o que? Sou um hospedeiro? Se entre mulheres não pega aids então quem carrega a Aids somos nós bissexuais? E aí? Se somos nós que fazemos, porque então não pesquisar também a saúde de nós bissexuais?

Uma coisa que me marcou nesse encontro foi esse insight sobre o bissexual ser o hospedeiro. Porque é essa a impressão que muitas de nós temos quando vemos o desagrado de uma mulher ou um homem ao lhes informar a nossa sexualidade. Uma cara de nojo, como se fosse suja.

Porque não falar sobre bissexualidade? Nós somos safadas? Porque não nos definimos? Oras, safadeza é questão de caráter e não questão de identidade sexual!

Se um homem é casado com uma mulher e a trai com outro homem, ele pode tanto ter desejo pelos dois sexos, ser um heterossexual precisando viver outras coisas na
sua vida, como ser alguém que poderia ser gay mas que não conseguiu lidar com seus desejos e com as pressões sociais que ainda hoje existem com relação à homossexualidade.

Nós não somos bem resolvidas? Me desculpe decepcioná-las. Mas eu sou muito bem resolvida. Amo as pessoas independentemente do seu sexo, sou bissexual. Só que se você for bissexual, se tem uma relação com uma mulher e em outro momento está com um homem, você é promiscua, segundo dizem?

Então precisamos discutir outra coisa também, qual é a definição de promiscuidade? É transar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo? Se for isso, as lésbicas e os heterossexuais também o fazem e são. Eu sou bissexual, já transei e me relacionei com homens e mulheres, embora com um de cada vez. E isso envolve outras questões, como: qual o contrato de relacionamento que você tem? É de exclusividade sexual? É aberto? Aberto em relação a sexo ou a afeto também? Contratos de relacionamento independem da sua identidade sexual.

É puro preconceito, isso mesmo, no sentido literal da palavra: pré conceito, discriminamos e temos medo daquilo que não conhecemos. Se formos continuar negando a bissexualidade, então é melhor nos tirar do movimento. Por que dizer que há bissexuais no movimento? Por que chamar um seminário nacional de lésbicas e mulheres bissexuais, se não se discute nunca a bissexualidade? Não parece meio perverso criar a expectativa de que eu que sou bissexual posso ir a esses lugares, mas chegando lá tenho de estar contemplada em falar apenas de uma parte de mim, de meus desejos e das minhas vivências?

Mas não me sinto na obscuridade. Na verdade entrei no movimento me identificando como bissexual. O problema são os outros, eles é que precisam sair dessa hipocrisia. Tenho certeza que há várias companheiras bissexuais que sofrem demais, pois tem de passar por lésbicas para serem aceitas.

Entendo que cada um tem o seu tempo. Mas não posso deixar de lutar por reconhecimento. As lésbicas querem visibilidade para que os seus direitos sejam respeitados? Pois é, nós bissexuais também queremos. Só que com um agravante, temos que lutar pela nossa visibilidade como bissexual na sociedade, e o que é pior, também dentro do movimento.

Eu quero respeito, quero que a bissexualidade seja colocada como ponto de pauta, não só uma sigla a ser mencionada para que as bissexuais se sintam contempladas.

Será que nossa identidade, nossas formas de nos relacionar, nossa sexualidade, nossas necessidades na área da saúde e em tantas outras não trazem também questões específicas? Essas devem ser pautadas e discutidas pelo movimento para a formulação de propostas específicas de reivindicações políticas e lutas, mas também para pensar no que é comum às duas identidades.

Para além disso, existem coisas mais profundas para dentro e fora do movimento que devem ser discutidas. A bissexualidade é o nome que damos pra uma série de inquietações nesta vida. Não acredito que exista uma coisa com a qual a gente nasce chamada bissexualidade.

A bissexualidade é um nome que damos para a nossa incapacidade de nos sentirmos confortáveis na distinção entre heterossexualidade e homossexualidade. Mas
sabemos que esse não-lugar se expressa de diferentes maneiras, é constituído por diferentes desejos: tanto por gostar de pessoas, quanto por gostar de X coisas
em mulheres e em Y coisas em homens, ou sei lá mais por que formas. Mas já que demos esse nome pra essa inquietação, a esse não-lugar, e que nos entendemos
como bissexuais, apesar da pluralidade de nossas vivências pessoais, é uma possibilidade de encontrarmos conforto, é importante para nós que as pessoas reconheçam que há gente que não se sente heterossexual nem homossexual.

É tudo muito complexo e deve ser conversado sobre, sem amarras, sem repressão. Algumas amigas lésbicas vieram falar comigo e eu até brinquei que não fui eu que inventei a bissexualidade, me deram o livro da Marta Suplicy, eu li e me identifiquei, agora o problema é de vocês (risos).

Para dentro do movimento é isso: esse lugar nos dá conforto e precisamos que ele seja reconhecido, isso é certo. Mas o mundo não se divide em branco e preto, há vários tons de cinza. Podemos dar um nome pra esses vários tons, mas éimportante reconhecer e respeitar a existência deles. Acho que isso é saudável pro movimento e para nós também: entendermos que Gays e Lésbicas não são blocos homogêneos, eles também têm várias tonalidades. Há diversas classes sociais, cores/raças, idades, além das singularidades, mas as caixinhas nos encaixotam. Elas são importantes para fazer política, mas não podem falar diretamente a linguagem da diversidade. Por isso é saudável reconhecer a diversidade interna de cada caixinha e também a diversidade da sexualidade: há pessoas que não se sentem homossexuais nem heterossexuais.

Que me chamem de Bissexual, que chamem de B, que transformem em letrinha, mas que reconheçam que há algo para além da heterossexualidade e da homossexualidade. Enfim, que reconheçam meu direito a existir."

Assinam:

Tatiana Ranzani Maurano - PE
Regina Facchini - SP
Fabiana Karine de Jesus - RJ

Quer assinar a carta também?? Fique a vontade para assinar seu nome e estado nos comentários!!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

ALEJANDRO




por Gustavo Don


No clipe, GaGa quer mostrar que vivemos em uma ditadura do amor hetero, e por causa disso sofremos (coração com uma estaca no meio).

Ela quer Alejandro, Fernando e Roberto porém eles são gays ela decide amarra-los pra fzer oq ela quer c/ eles (estão na cama de salto alto). Logo depois aparece um grupo de gays e começam a agredir e rejeitar a GaGa por ela desejá-los, mesmo sendo gays. Alejando está junto.

GaGa decide virar freira depois de sofrer tanto por amor, tadinha rs

Também mostra que as pessoas são manipuladas pelas outras (os fios como se ela fosse uma marionete).

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sobre o Poder, a Militância e Nomes de Drinks...

  
PODER!

Estava refletindo ontem sobre a essência do Poder... Talvez por influência de minhas leituras de Hegel (por meio do - ótimo - livro "Eclipse da Moral", de Sílvio Rosa Filho - falarei dele em outro post). Na verdade, nem era tanto sobre a essência, mas de como nós, cidadãos, lidamos com ele.

O trecho do livro que me instigou a pensar nisso foi um que deixava a entender que a democracia (mais até, o próprio Estado) nunca se concretiza de fato, uma vez que temos, na sociedade, des citoyens actifs e des citoyens passifs.

A manifestação da vontade da tal "sociedade civil", portanto, essencial para a existência do Estado e da democracia, não seria, na prática, a manifestação da vontade de TODOS os cidadãos, mas só daqueles que são ativos na sociedade - o que chamamos de sociedade civil organizada.

Ou aqueles que minimamente votam e se preocupam com a Política.

Os que abrem mão de sua cidadania plena, os cidadãos passivos, que não votam, não se interessam por política, não tão nem aí pra militância etc, apenas assistem o jogo da arquibancada, na falsa esperança de que o resultado não afetará suas vidas - ledo engano, sabemos. É a disputa pelo Poder que está em jogo, poder sobre a vida de todos nós.

Aí, saindo ontem de mais uma reunião do Conselho Municipal de Saúde (do qual sou um dos diretores da Mesa e quase apanhei ontem, por querer seguir o regimento), vim pensando nisso... De que maneiras podemos lidar com o Poder?

Cheguei à conclusão que são 4:

1) TOMAR O PODER
O cidadão tem a oportunidade de ocupar o poder. Qualquer um de nós pode se candidatar e/ou ser indicado a cargos executivos e legislativos, prestar concursos e/ou ser indicado a cargos judiciários. Ou, mesmo sem cargo, militar por mudanças reais na sociedade, apoiando diferentes projetos políticos ou demandas de diversos setores da sociedade. 99% dos envolvidos na luta direta pela ocupação do Poder o fazem por meio dos partidos políticos - as únicas associações que oficialmente disputam o Poder, pelo voto. Ainda assim, apenas 10% da população é filiada a alguma legenda.

2) AJUDAR O PODER A GASTAR
Mesmo não estando no Poder, o cidadão pode se organizar e fechar convênios e parcerias com quem está. Hoje em dia, editais de convênios são uma nova forma de fazer política, mais participativa, mais próxima à população. Vejam os exemplos dos Pontos de Cultura: em vez do Ministério da Cultura decidir onde e em quê gastar sua verba, ele compartilha esse dinheiro com centenas de organizações culturais de todo o país - que apresentam projetos e, assim, compartilham um pouco do Poder de formular políticas culturais, com dinheiro público. Dada a enorme diversidade dos Pontos existentes, a política cultural resultante deste processo é muito mais rica do que a política que costumava sair de quatro paredes de um gabinete em Brasília... Ainda assim, são apenas alguns poucos milhares de Pontos em todo o Brasil. Se levarmos em consideração outros programas e convênios, vamos dizer (chutando alto!!) que 2 milhões de pessoas participem desse processo no país. É só 1% da população.

3) FISCALIZAR COMO GASTA O PODER
Ainda que não esteja no Poder e nem tenha convênio com o Poder, qualquer cidadão pode ainda participar de um dos inúmeros Conselhos existentes. Conselhos são entidades que assessoram o ramo executivo e geralmente sugerem, propõem e acompanham políticas públicas e, principalmente, fiscaliza os gastos do Poder - podendo até aprovar e ou rejeitar as contas. De todos os Conselhos, os mais antigos (e poderosos) são os de Saúde, exigidos por lei e que definem e aprovam TODA a política de Saúde e TODAS as contas, licitações e convênios. Como comunista, gosto muito dos Conselhos - um dia, quem sabe, não precisaremos mais de secretários nem de prefeitos: os conselhos podem tranquilamente admisnistrar uma cidade. Ainda assim, quantos conselhos existem? Se cada município brasileiro tivesse pelo menos um, seriam cinco mil e pouco. Cada um comumas 40 pessoas, envolveria por volta de 200 mil pessoas. 0,1% da população.

4) NÃO FAZER NADA
Apesar de todas essas formas de nos envolvermos com o Poder, há quem não esteja nem aí pra nada. Como o gato da foto, preferem ficar de barriga pro ar... No máximo reclamam um pouco, fazem algum barulho - mas nunca tomam uma atitude. Acham que tá bom assim ou, se não está, é desígnio de Deus (nossa maldita herança católica). Ou pior, a fuga está no hedonismo (vou meter, vou curtir, vou me drogar) ou no individualismo (se a farinha é pouca, meu pirão primeiro). São quase 90% da população.

Triste, né?

Foi quando me dei conta de que eu cisco em TODOS esses terreiros: Sou filiado a partido político (e participo ativamente da vida partidária - já fui candidato a vereador e sou hoje membro do comitê/diretório municipal do PCdoB), coordeno um projeto de Ponto de Cultura (a Escola Jovem LGBT) e sou Conselheiro Municipal de Saúde (já tendo sido Conselheiro Nacional de Juventude). Além de militar no Movimento LGBT, claro! Ufa!!

Será que foi por causa dessa militância toda que eu acabei virando nome de drink numa boate gay de São Paulo??

Não provei do drink ainda, mas pelo menos a minha consciência fica tranquila. E, lógico, fico feliz pelo reconhecimento. Sei que faço o que posso e o que não posso por este país, pela minha cidade e pela minha comunidade. Ainda assim, que bom seria se todo mundo reclamasse menos e participasse mais, né?

O Brasil precisa de mais citoyens actifs e menos citoyens passifs. Nada a ver com as passivas, bien entendu! =D

Beijo do Deco - e tintim! =]

sábado, 5 de junho de 2010

Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade realiza cerimônia de entrega em SP

Estalinhos para essa matéria d'ACapa!! Foi impressão minha ou o grande destaque da noite foi a gente?? =D

Escola Jovem LGBT roubando a cena na entrega dos prêmios da Parada: Breno, professor de Fanzine; Bruna e Leandro, professores de dança; Deco e Lohren, diretores da Escola; Binho, professor de WebTV e, representando os alunos, os presidentes do E-jovem em Campinas e São Paulo, Karina e Felipe

Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade realiza cerimônia de entrega em SP
http://acapa.virgula.uol.com.br/site/noticia.asp?origem=slide&codigo=11030&target=_self&titulo=Pr%EAmio+Cidadania+em+Respeito+%E0+Diversidade+realiza+cerim%F4nia+de+entrega+em+SP

Por Redação 5/6/2010 - 11:20

Aconteceu nesta sexta (04/06) a cerimônia de entrega do Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade, que chega à sua décima edição. O evento foi realizado no auditório do Sesc Pompéia, em São Paulo.

A apresentação ficou a cargo da dupla Greta Starr e Francione Oliveira Carvalho. Greta tropeçou um pouco ao ler os textos da noite, e explicou que é daltônica, e ao imprimir as páginas com letras coloridas viu-se em apuros para decifrar as palavras. Foi aplaudidíssima.

Algumas celebridades compareceram, como Jean Willys, que entregou os prêmios da categoria literatura. O espetáculo "Rosas Brancas Para Salomé", estrelado por Salete Campari, foi premiado na área de teatro, e o assessor de imprensa da peça explicou que, exatamente naquele momento, Salete estava em cena atuando na montagem.

Um grande destaque foi a aparição do grupo E-Jovem, de Campinas, responsável pela criação da Escola Jovem LGBT. Integrantes do grupo e da escola subiram ao palco esbanjando charme e simpatia. A presidente do E-Jovem, Lohren Beauty (foto), deu a grande declaração da noite: "Tenho uma peruca na cabeça para fazer política!"

Confira a lista dos premiados:

DIREITO
Prefeitura de São Paulo e Governo do Estado de São Paulo - pelo decreto que legalizou o nome social de travestis e transexuais

Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) - pela conquista do tratamento igualitário a casais homoafetivos

POLÍTICA
Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais - pela publicação do Manual de Comunicação LGBT

SAÚDE
Governo do Estado de São Paulo - pela criação do ambulatório de saúde de travestis

EDUCAÇÃO
Escola Jovem LGBT e Grupo E-Jovem de Campinas, pela criação da Escola

IMPRENSA
Revista Têtu (isso mesmo, a publicação gay francesa) - pelo trabalho jornalístico envolvendo reportagens políticas e de denúncia

Grupo Dignidade e Associação da Parada Paranaense - pela restauração e digitalização do lendário jornal "O Lampião da Esquina", publicado entre 1978 e 1981

PROPAGANDA PUBLICITÁRIA
Grupo Red / Somos (Colômbia) - pela realização de vídeos institucionais sobre a comunidade LGBT

LITERATURA
Editora Malagueta - pela publicação de obras direcionadas ao público lésbico

"Na Trilha do Arco-Íris", de Regina Facchini e Júlio Assis Simões, Editora Perseu Abramo - pela realização e publicação do livro que conta a história da militância gay no mundo e principalmente no Brasil

CINEMA
Foram premiados dois longa-metragens:
"Quanto Dura o Amor", de Roberto Moreira
"Do Começo ao Fim", de Aluízio Abranches

DOCUMENTÁRIO
"Bailão", de Marcelo Caetano, curta-metragem sobre a casa noturna paulistana ABC Bailão

TELEVISÃO
Foi premiada a série "Ó Pai Ó", dirigida por Monique Gardenberg

ARTES CÊNICAS
"Rosas Brancas para Salomé", texto de Gladston Ramos com direção de Nicole Puzzi e Julio Wargas, peça estrelada por Salete Campari sobre a lendária performer Salomé

MEMÓRIA
O prêmio foi para Paula Lira, travesti maranhense morta em 2009, vítima do HIV - por seu trabalho junto ao GATTI (Grupo de Ativismo de Travestis e Transexuais de Imperatriz)

INTERNACIONAL
Associação GALA da África do Sul - Memória de Gays e Lésbicas em Ação

terça-feira, 1 de junho de 2010

Cultura LGBT do país quer vencer o preconceito

  

O jornal dos alunos de Jornalismo da PUC Campinas dedicou uma página inteira da última edição à inauguração da Escola Jovem LGBT. Os meninos foram lá, em março, entrevistaram, tiraram fotos (inclusive essa acima, que eu adorei) e o resultado vc pode conferir aqui: http://ow.ly/d/3NT

Estalinhos para o repórter Fernando Pacífico e galera da PUC!! =D

P.S. É verdade que eu fico a CARA do Sean Connery com essa barba por fazer?? =P

Bem que podia ser o Sean Connery em 1953, quando ele ficou em terceiro lugar no concurso Mister Universo:

Ahaza, bi!!