sábado, 8 de maio de 2010

VEJA mente!

Antes que muitos saiam comemorando o fato de VEJA ter dado matéria de capa para a juventude LGBT, gostaria que lessem esse post.

Para a VEJA, não há drama algum na vida do jovem gay



Infelizmente a Veja comprou uma tese conservadora dos EUA (contida no livro "The New Gay Teenager") e fez uma matéria em cima dessa tese: que jovens gays não têm mais rótulos, não se importam em lutar pela causa e não sofrem mais homofobia na escola. É o mundo feliz da Direita, onde não é preciso nenhuma luta, pois todos já foram abraçados (assimilados, fagocitados, cooptados) pela sociedade.

É a tese do fim da luta de classes, velha conhecida nossa ("Não há racismo no Brasil" etc).

Todo o lado da juventude militante e a vulnerabilidade a que esta juventude AINDA está sujeita (principalmente na escola) foi ignorado para reforçar a tese. Pior que ignorado: foi deliberadamente deixado de lado. Porque eles procuraram o E-JOVEM e ouviram do pessoal do grupo exatamente o OPOSTO do que está na matéria. A gente (jornalistas) aprende a fazer isso (escolha seletiva de fontes para validar NOSSO ponto de vista) ainda na faculdade...

Uma pena. Mas é a Veja.

E é triste, né?

A gente se esforça para ajudar, mesmo sabendo que eles são filhosdaputa e tal. A repórter faloiu pra mim do livro e eu ressaltei que o livro retratava uma realidade cor de rosa, que ainda não era a nossa. Talvez daqui a uns 10 anos, mas não agora.

Em vão.

Enfim, joga-se a matéria no lixo? Não. Tem pontos que podem vir a ser positivos.

A matéria pode ajudar muitos meninos e meninas a se assumirem, por exemplo (já que está tudo - segundo a matéria - TÃO bem...!). Pode constranger algumas escolas a serem mais ativas contra a homofobia (já que TODAS as outras - segundo a matéria - são tão tolentantes...!).

Quando essa garotada se assumir, ou algum professor bem intencionado resolver fazer algo em sua escola, eles vão dar de frente com a realidade. E é aí que a gente entra. =D

Mas que fique registrado que nessa matéria de capa, como é usual, a revista Veja MENTE.

7 comentários:

Unknown disse...

"Os jovens que aparecem nas páginas desta reportagem, que em nenhum instante cogitaram esconder o nome ou o rosto, são o retrato de uma geração para a qual não faz mais sentido enfurnar-se em boates GLS (sigla para gays, lésbicas e simpatizantes) - muito menos juntar-se a organizações de defesa de uma causa que, na realidade, não veem mais como sua."...Daqui a pouco lutar por uma causa na qual se acredita não vai ter mais graça para alguns adolescentes. Talvez esses digam que isso está fora de moda. Há sim, será que um dia perceberão que o Brasil(país de dimensões continentais) é muito mais que Rio-São Paulo? Essa tal tolerancia se manifesta em mais de uma classe social e região do país?

Unknown disse...

"Isso non ecziste!" (Padre Quevedo sobre a tal da tolerancia pregada pela Veja)

Alexey Dodsworth Magnavita disse...

O mais nojento é que eles usaram gays muito jovens como massa de manobra para desqualificar a importância da militância gay.

Jo Meskita disse...

Jovens não sofrem mais preconceitos... Essa é a melhor... mas eu concordo com vc neh Deco... Afinal a Males que vem para o Bem...

Discrição disse...

Pois é Deco. Infelizmente a Veja gosta de distorcer as mais diversas realidades. Eu, por exemplo, não sou assumido e faço parte do e-kut. Coloquei a minha posição a respeito e vi que outros rapazes também colocaram coisas semelhantes como o fato de não serem assumidos.
Espero que um dia o que há na reportajem venha a ser realidade, e espero um dia me livrar dos preconceitos...
Um abração!
E vamos lutar por um mundo mais verdadeiro.

Lucas El'Osta disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Joel Martins Cavalcante disse...

Deco, antes de ler o que vc escreveu, discuti na faculdade a respeito da reportagem. A revista desenha uma paisagem utópica, bem distante da realidade que os adolescentes e jovens gays vivem em nosso país.
Parece que as coisas tendem e estão caminhando tão bem que não vale mais a pena lutar para o reconhecimento de direitos dos LGBT.
Mas nem tudo está perdido na revista. Alguma coisa pode ser aproveitada.