Boneca travesti: onde será que compra? :D
Esse fim de semana tive uma reflexão interessante sobre essa garotada LGBT nova que tem aparecido (a cada instante e cada vez MAIS nova).
No domingo, tivemos reunião na Escola Jovem LGBT para montar as atividades do mês de maio do E-CAMP, o Grupo E-jovem em Campinas. Eu coordeno um projeto de saúde no grupo e a ideia era linkar demandas que envolvessem CULTURA e LGBT (com o propósito de aumentar a auto-estima, diminuir a vulnerabilidade etc). É um projeto que temos desde 2009, chamado "Galera E-jovem".
Pois bem. Estávamos lá em plena tarde de domingo, vinte e tantos adolescentes e jovens debatendo o assunto já há 5 horas mais ou menos. Quase um milagre já. =D
Não foram 5 horas de blablablá, claro, teve dinâmica de apresentação, música, bate-papo, lanche etc. Mas comecei a perceber um sumiço. Havíamos nos separado em grupos para a realização de uma tarefa e os grupos que iam terminando seu trabalho estavam desaparecendo.
Fui investigar. Bastou seguir os som dos folguedos (alguém ainda usa "folguedo"?). Estavam todos na rua, meia quadra pra baixo da Escola, jogando bets com meninos da rua.
E aí eu me peguei olhando (e vendo) a galera como eles realmente eram: pouco mais que crianças.
E percebi ali uma demanda que eles não tinham colocado no papel: brincar. =D
Isso era algo que eu já vinha percebendo desde que o Max se tornou coordenador do E-CAMP, aos 14 anos. Às vezes certos assuntos e discussões simplesmente não o interessam. Por mais que nos esforcemos pra tornar a atividade mais "dinâmica", mais "jovem", ainda não estava jovem o suficiente. E o menino se enfadava (alguém ainda usa "enfadava"?), se distraía. Para um coordenador, ficar distraído numa reunião é pecado mortal e ele é muito cobrado por isso...
E eu comecei a pensar: "Mas será que o grupo está conseguindo interpretar as necessidades do Max (que, afinal, representa melhor que ninguém os adolescentes LGBT)? E, se estávamos enfadando o Max, não estaríamos enfadando também outros membros igualmente novos?"
A grande transição da infância para a vida adulta é justamente a ausência do brincar. Tudo fica muito sério. Acho que às vezes queremos que os adolescentes - presos nessa transição entre os dois períodos - abandonem rápido a brincadeira em prol de assuntos mais sérios, como sexo, saúde, cultura... E esquecemos exatamente dessa transição.
E eu, que estou às voltas com o E-jovem já há quase dez anos, me peguei aprendendo uma coisa nova com eles: precisamos reaprender a brincar. Quem sabe não serão adultos mais felizes os que brincam e não levam a vida tão à sério?
bjos do Deco =]
P.S. Detalhe: de volta aos trabalhos, depois do bets, das quatro atividades que precisávamos formatar, duas acabaram envolvendo esportes/brincadeiras: um jogo de vôlei unissex e um jogo de queimada. Propostas acatadíssimas por todos! =D
2 comentários:
Você tocou em um ponto bacana. E interessantíssimo. Acho que teríamos pessoas (adultos) mais felizes se não tivessem perdido a ludicidade da vida. Brincar faz parte. E precisa ser levado para toda a vida. Ser adulto é ser chato? Quem disse? Da pra ser adulto e ser divertidissimo também. Depende da gente. Bjao!
Como sempre Deco, sempre nos deixando refletir em suas postagens...Já faz um tempo aliais q não passo por aki neh? Bom depois do inffeliz fato de eu não poder estar ai na Escola LGBT, andei vagando pelo mundo a fora em busca de mim mesmo (bonitinho isso neh?). Falando sério agora, enfim, vc tocou em um Ponto muito mais do q bacana: Importante... A Galera LGBT está cada vez mais jovem, uma vez q estejamos gannhando a Liberdade de Expressão, é natural q isso aconteça afinal. Mas não é só fazer a Transição ser importante, mas saber manter o nosso lado Adulto com Diversão, seria o ideal... Mais uma vez quero parabenizá-lo pelo seu trabalho. E Estou por ai, ainda seguindo vcs...
Bjsss
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