domingo, 20 de fevereiro de 2011

Marcha contra homofobia reúne mais de mil pessoas em São Paulo

Movimento pede aprovação de projeto de lei que torna homofobia crime

Ministra Maria do Rosário, conselheira Lohren Beauty, senadora Marta Suplicy e o deputado Ivan Valente

A Avenida Paulista foi, na tarde deste sábado (19), mais uma vez palco da luta contra a homofobia, que já costuma ser lembrada anualmente na Parada Gay. Desta vez, de 800 a mil manifestantes, de acordo com a Polícia Militar, ou 2 mil, segundo os organizadores, marcharam pelo endereço para protestar contra atos de violência a homossexuais. O protesto, iniciado no final da avenida, terminou em frente ao número 777, onde no dia 14 de novembro um rapaz foi agredido com lâmpadas fluorescentes.

A manifestação, que também pediu a aprovação no Senado do projeto de lei que torna crime a discriminação contra homossexuais, idosos e portadores de deficiência física, contou com a presença da senadora Marta Suplicy (PT-SP), da conselheira Lohren Beauty, do Conselho Nacional de Combate à Discriminação, da ministra Maria do Rosário, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, e do deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) (foto), além do também deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ) e do deputado estadual Carlos Giannazi (Psol-SP).

O deputado Jean Wyllys, Lohren Beauty e o deputado Ivan Valente

A senadora Marta Suplicy criticou a lentidão do Legislativo na aprovação de direitos a gays, lésbicas e travestis. Ela acredita que o projeto de lei (PLC 122/06), que o Senado desarquivou no último dia 8, deve ser aprovado pela Casa. "Nós vimos um retrocesso no Congresso nos últimos anos. O Legislativo tem se unido e se acovardado sobre essa questão e não vamos sossegar enquanto não abolirmos do Brasil atos de violência desse porte. Junto da sociedade civil vamos conseguir a aprovação do projeto", afirmou.

"A homofobia não age sozinha, ela vem junto do preconceito, e é também contra isso que devemos nos posicionar", disse o deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ), um dos representantes da causa gay no Congresso, que acredita ainda que a luta contra a homofobia deve ser pluripartidária.

Galera do E-JOVEM ajudou a ocupar a Paulista:
na foto, os meninos do E-PIRA

O historiador Augusto Patrini, 32 anos, um dos organizadores da marcha, afirmou que a bancada religiosa no Congresso tenta desqualificar o projeto de lei que, segundo ele, não se limita aos direitos de homossexuais, mas também aos deficientes e portadores de deficiência física. "Existe uma leitura errada do projeto e também má fé dos deputados da bancada conservadora, além dos demais parlamentares que não se posicionam claramente sobre a proposta. O que a gente pede é o mínimo, que é criminalização de atos contra as minorias ", disse.

Para a corretora de imóveis Luciana Turella Carpinelli, 44 anos, mãe de um jovem gay, manifestações como a deste sábado chamam a atenção da sociedade para a questão. "A única forma que eles têm hoje é se juntar para conseguir diminuir o preconceito. Eles não escolheram, eles nasceram gays. Meu filho nunca sofreu violência, mas é vítima de preconceito desde a adolescência".

Neste sábado, a ministra Maria do Rosário, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos do governo de Dilma Rousseff, lançou na capital paulista o selo Brasil Território Livre da Homofobia, que tem como objetivo divulgar o Disque Direitos Humanos (Disque 100) voltado para a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros). A ministra participou de um trecho da marcha e disse que o governo trabalhará na garantia dos direitos humanos. "O Brasil deseja e o Brasil será um território livre de homofobia. Nós não aceitamos a homofobia", afirmou a ministra durante a passeata.

Lohren Beauty: "Disque 100 pode salvar a vida de adolescentes LGBT"

Para Lohren Beauty, conselheira do recém-criado Conselho Nacional de Combate à Discriminação, ligado à Presidência da República, esse serviço será muito importante para a juventude LGBT. "Poder ligar a qualquer hora do dia ou da noite, de qualquer cidade do interior do Brasil, e receber atenção e apoio ao seu sofrimento é algo que pode salvar a vida de adolescentes que sofrem homofobia," declarou a drag queen, que também é presidenta do Grupo E-jovem de Adolescentes Gays, Lésbicas e Aliados. "Muitas jovens lésbicas são abusadas dentro de casa, jovens travestis são escravizadas e submetidas ao tráfico de pessoas, agora elas têm para onde correr."

Desde janeiro, foram registradas 343 denúncias contra homossexuais, com 1.015 violações relacionadas. O maior número de casos foi de violência psicológica (42%), seguida de discriminação (25%), violência física (17%) e violência sexual (10%).

O Senado desarquivou no último dia 8 de fevereiro o Projeto de Lei da Câmara (PLC 122/06) que torna crime a discriminação de homossexuais, idosos e portadores de deficiência física. O PLC, popularmente conhecido como o projeto que criminaliza a homofobia, foi desarquivado após requerimento protocolado nesta pela senadora Marta Suplicy (PT-SP).

O projeto, que chegou ao Senado no final de 2006 e é cercado de bastante polêmica, já havia sido examinado pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e será encaminhado agora à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) e à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

(com informações do G1, Terra, Grupo E-jovem e Secretaria Especial de Direitos Humanos)

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